A review by jiangslore
Alone With You in the Ether by Olivie Blake

challenging reflective sad fast-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? It's complicated
  • Loveable characters? It's complicated
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? Yes

4.5

[4,5/5] 

Geralmente, eu não me interessaria em ler um livro cujo subtítulo é “a love story”, mas, depois de escutar várias coisas boas sobre “Alone With You in the Ether”, fiquei curiosa e resolvi ler. Com certeza não esperava gostar tanto assim do livro. Via de regra, há uma questão muito pessoal que influencia um leitor a dizer que gostou ou não de um livro, mas acredito que “Alone With You in the Ether” é um dos casos em que percepções subjetivas são ainda mais importantes para determinar uma opinião. 

Isso porque, já que a narrativa é extremamente focada nos personagens principais, acredito que é quase impossível gostar da obra sem gostar deles (ou, pelo menos, sem entendê-los). Em termos objetivos — ou tão objetivos quanto consigo ser com relação a esse livro —, o que realmente importa para uma narrativa centrada em personagens é se seu desenvolvimento é feito de forma adequada e se é possível, mesmo diante da impossibilidade de focar em outros personagens, entender bem a forma que os protagonistas se encaixam no contexto em que estão e com as pessoas com quem convivem.

Acredito que Olivie Blake realizou essa tarefa com sucesso, o que já me impediria de considerar o livro “ruim”. Além disso, gostei bastante da escrita e do modo que o estilo variava para acompanhar a velocidade dos pensamentos dos personagens ou dos acontecimentos. 

Por outro lado, do ponto de vista subjetivo, devo dizer que os dois protagonistas me impactaram consideravelmente. Fazia muito tempo que eu não me identificava com um personagem da forma que me identifiquei com Aldo e, embora o mesmo não tenha ocorrido com relação a Regan (diria que gosto muito menos da ideia da personagem do que da personagem em si), posso dizer que consegui entendê-la e desenvolver empatia por ela. 

A “história de amor” retratada no livro não é exatamente… boa. Não é um romance ideal, e, sob muitos pontos de vista, não é um romance saudável. E, apesar de ter ocorrido uma ou outra melhora na vida de ambos os personagens após o início do relacionamento deles, não é possível dizer que o romance foi algo “avassalador” no sentido de mudar terrivelmente o mundo inteiro deles ou elevar sua qualidade de vida. Em outras palavras, mesmo ao final do livro não há mudanças absurdas: a saúde dos protagonistas e a relação deles continuou não sendo ideal. Mesmo assim, acredito que é uma boa história, porque seu objetivo não é ser algo aspiracional, mas, sim, um relato sobre duas pessoas reais que acabaram entrando na vida uma da outra. 

Em vários momentos da leitura (especialmente nos narrados pela Regan), pensei na ideia de que uma pessoa não pode amar outras antes de se amar. Isso não significa que os sentimentos de uma pessoa que não se ama não são reais ou válidos, mas, sim, que há um grande risco desses sentimentos se tornarem autodestrutivos e perigosos. Apesar de “Alone With You in the Ether” não oferecer as respostas para essa questão (ou melhor, não oferecer as repostas ideais ou saudáveis para essa questão), o livro foi uma lembrança do que se passa na cabeça dessas “pessoas que não se amam” e do fato de que é bom ter um pouco de empatia por elas, mas, principalmente, é importante respeitar suas escolhas. Pessoas que não se consideram capazes de se amar vão continuar existindo independentemente do que qualquer um diga, e ninguém merece viver em um ostracismo completo por ser assim. 

Verifiquei que o livro é indicado para maiores de 18 anos, e, ao recomendá-lo, acredito que é importante mencionar que considero essa classificação acertada. Claro, há as cenas de sexo; mas o mais importante é o fato de que, como mencionei anteriormente, não há nada de aspiracional no romance retratado — eu diria que ele é, na verdade, circunstancial — ou no que os personagens enfrentam. Mas pessoas que ainda estão em desenvolvimento podem não entender a diferença e pensarem que o livro retrata fielmente o que é o amor em qualquer circunstância, e isso não é verdade. 

Acredito que a única coisa que não gostei foi o início do livro. Confesso que não entendi a escolha pelo estilo de narração usado inicialmente, e fiquei grata ao perceber que ele não seria utilizado no livro inteiro. 

“Alone With You in the Ether” não é um livro perfeito ou imune a críticas, assim como os personagens não o são. Mas o livro é permeado por uma ideia fundamental de que muito mais importantes do que as mudanças no mundo são as mudanças em nós mesmos; e mais importantes do que as mudanças em nós mesmos que parecem revolucionárias são as que permeiam a nossa vida com uma influência que aparentemente é muito menor, mas que altera nossa perspectiva em diversas coisas. E essa ideia, na minha opinião, é extremamente importante para tentar aprender a ter uma vida saudável, mesmo que ela não seja ideal. 

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