A review by ntmps
Filhos da Degradação by Felipe Castilho

4.0

Primeiro livro de uma duologia de fantasia épica, Filhos da Degradação, em suas primeiras páginas nos introduz a sua mitologia, inserindo as raças que permeiam esse novo mundo – humanos, sinfos, anões, gigantes, kaorshs e gnolls. Ilustrando como a ganância dos humanos fudeu com tudo pôs em risco todos os povos, quando os seis deuses, decepcionados com as raças em conflito, se uniram na deusa Una como forma de punição, uma vez que a deusa furiosa espalhou sua tirania por Untherak, a última terra habitável.

Um dos pontos mais fortes que eu amei na história, foi a diversidade, o autor conseguiu, de forma natural, incluir um elenco cheio de mulheres, lgbt+, e pessoas de cor. Enfatizando principalmente Raazi com um espaço na obra normalmente tomado por homens em fantasias clássicas, ela e sua esposa, Yanisha, são guerreiras Kaorsh. Rebeldes dispostas a participarem do temível Festival da Morte para obterem uma chance de derrubar Una. A relação das duas é tão bem construída que eu pagaria para ler um livro só das duas juntas matando gente, quero mais por favor.

Num segundo núcleo da narração, temos Aelian, o falcoeiro, em um primeiro momento achei que seria um saco de personagem, mas me surpreendeu positivamente em quantos níveis ele se desenvolveu, seu sarcasmo e proximidade com a bebida lhe trazendo problemas ao mesmo tempo em que escapava de toda enrascada com sua habilidade em escalada e com ajuda de Bicofino. Me alegra que o autor não tenha feito ele virar um super guerreiro depois de algumas páginas, mas que ele continuava apanhando.

Outro personagem que acaba roubando a cena é Harun, o anão. As interações dele com os outros personagens são as melhores, única coisa que me incomodou um pouco foi a história do avô (??). Aparição, Ziggy esse anjo incompreendido e Venoma são outros que tornam o livro o que é eu quero saber mais sobre Venoma, meu deus, se eu não receber isso no livro dois eu desisto.

O mistério e toda a mitologia do mundo construído em cima da deusa e desse universo é fascinante, toda vez que uma lenda era contada a história se enriquecia cada vez mais. Cenas de ação também não deixam a desejar, cheias de adrenalina e bem descritas, você consegue entender olha só, e não vira aquela confusão de palavras de luta que ninguém entende o que ta acontecendo.

Da pra entender muito bem o hype dessa obra no cenário nacional, o livro é muito bem escrito, os personagens tem profundidade e os plot-twists não são óbvios nem malucos graças a deus, muito pelo contrário, cada vez aconteciam coisas mais inesperadas. Quero pra já esse próximo livro Felipe, apenas no aguardo por respostas, pois o final me deixou desnorteada socorro. Esse livro definitivamente deixou muita fantasia internacional no chinelo.

“- Nós somos as fagulhas que darão início à fogueira. Talvez o vento nos sopre para longe, talvez possamos iniciar um incêndio. Como fagulhas, o que fazemos melhor é brilhar. Queimar.”