A review by acrisalves
Loki by Robert Rodi, Esad Ribić

4.0

https://osrascunhos.com/2018/07/24/loki-robert-rodi-e-esad-ribic/

Esta novela gráfica reverte a ordem natural em Asgard para apresentar um Loki governando o reino dos deuses. Loki, revoltado e desenquadrado tenta escapar ao destino de todos os Loki em todas as realidades possíveis – o seu papel de vilão, enganador, serve para contrapor o do herói magnífico, neste caso, Thor. E é o próprio se apercebe desta oposição com maior propósito, questionando, até o pai dos deuses sobre a sua propositada adopção para este fim.

Consciente do seu papel, sentindo-se injustiçado e encurralado num estereotipo, Loki é notavelmente diferente dos outros deuses – vem de outro povo, tendo sido adoptado após uma batalha, mas ao crescer entre os deuses também não se revê na própria mãe que agora o aborda, uma mulher de idade avançada, rancorosa, idosa e mal cheirosa.

Loki ascendeu, finalmente, ao lugar que tanto pretendia. Ou será que o seu maior objectivo era, afinal, a morte de Thor? Loki sente dificuldades em pensar para além do lugar que agora almejou e adia sucessivamente as decisões que têm de ser tomadas, bem como o cumprir dos acordos que fez para poder estar em tal lugar.

Assombrado pelo destino que parece contrariar, Loki atormenta-se com o cruzar de circunstâncias que deram outro rumo à história e cede nervosamente com o peso das decisões e das consequências, apressando a execução de Thor, com o objectivo de quebrar o ciclo.

Visualmente fascinante, bastante diferente das cores garridas de algumas bandas desenhadas que favorecem as batalhas, Loki apresenta-se como uma história introspectiva em que o anti-herói se tenta libertar da inevitabilidade do seu papel.