A review by celestecorrea
Noites Brancas by Fyodor Dostoevsky

4.0

Noites Brancas, Memórias de um sonhador (1848) de Fiódor Dostoiévski (1821-1881)

Na Rússia, a expressão noites brancas «designa um curto período, no início do Verão, quando os dias são longos e as noites curtas. Em S.Petersburgo, no Norte do país, o sol praticamente não se põe e a população sai à rua para celebrar o fenómeno (e o Verão fugaz) numa cidade que é, durante quase o ano todo, cinzenta e gelada.»
O enredo é o encontro casual de dois jovens numa ponte sobre o rio Neva: ele, cujo nome nunca chegamos a conhecer, sonhador, solitário e tímido; ela, Nástenhka, desgostosa, pensando ter perdido o homem que amava.
Trocam confidências; ele apaixona-se e, quando convencido que ela lhe corresponde, surge o homem por quem ela esperava há um ano.
Uma história repleta de fantasia e lirismo embelezada pela cidade de S. Petersburgo que assume um papel de personagem monumental que a tudo assiste. Noites que imitam os dias, sonhos que imitam a vida, sonhos que comandam a vida.
Este livro é na obra de Dostoiévski, aquela que mais se aproxima da escola romântica, muito pela personagem do sonhador, «um romântico até ao fim», como escreve Margarida Rebelo Pinto no seu comovido e emocionado prefácio.
Excerto:

«Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade!Não será isso o bastante para preencher toda a vida de um homem?»