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A review by gabremchd
Lindo Desastre by Anderson Pereira
4.0
Okay, vamos lá.
Lindo Desastre foi minha primeira aposta de leitura depois de anos sem conseguir terminar um livro sequer. Consegui uma cópia na versão Kindle em meio às polêmicas de censura LGBT na bienal do ano passado, já que Anderson resolveu aderir ao protesto e deixar o livro de graça. Achei-o em uma lista qualquer no twitter, e como achei a capa muito lindinha, acabei pegando e decidi começar a ler, pra ver se meu antigo hábito de leitura retornava.
E, olha, fiquei muito surpreso.
Muito porque eu não tinha lido nem mesmo a sinopse, então não fazia IDEIA de que o livro abordaria, além de um romance LGBT, elementos sobrenaturais, morte, reencarnação, espíritos, "almas afins"...
Mas mesmo com tudo isso, é, no fim, uma história de amor.
Uma história de amor contada antes da redemocratização, em um Brasil que conseguia ser menos tolerante que o de hoje, que envolve incerteza, medo, repreensão, HIV, adoção, e até mesmo homofobia internalizada, todos esses elementos utilizados para construir uma história crível dentro do clichê friends-to-lovers que eu amo tanto, aqui muito bem construído com um slow born que até mesmo irrita às vezes - não por ser ruim, mas porque um dos personagens, Miguel, consegue ser mais burro que uma porta.
No fim, Lindo Desastre foi das melhores surpresas de 2019, com uma história linda e um personagem especial - Ricardo - que vou guardar com MUITO carinho porque é um homem perfection.
Entretanto, algumas considerações: não pude dar cinco estrelas porque às vezes a história travava um pouco, muito pelas burocracias que deviam ser obedecidas para que todas as pontas soltas fossem cobertas (procurações, por exemplo...). Não que eu tenha problema com isso, mas acho que poderia ter sido feito de maneira mais fluída. O autor, também, parece ter alguns pequenos vícios de linguagem, utilizando e abusando de expressões fechadas que a partir de certo ponto começaram a soar repetidas no ouvido, o que atrapalhou em pouco mas EM NADA interferiu na experiência gostosa que é ler Lindo Desastre em um domingo chuvoso - quem leu entendeu a piada.
A edição, também, tem alguns typos, que devem ter passado despercebidos pelo revisor, mas não são muitos e nada que não possa ser resolvido.
Dito tudo isso, posso resumir Lindo Desastre como (novamente) uma história sobre amor. Não somente o óbvio amor romântico, mas também o fraternal, o amor afetivo, que sentimos por pais, irmãos, primos, sobrinhos, tios e amigos, em que os laços sanguíneos pouco importam. É sobre entender que o amor transcende as barreiras - até mesmo as do tempo e a da vida - e, sobretudo, que somos dignos de amor, mesmo que às vezes nos pareça que não.
Lindo Desastre foi minha primeira aposta de leitura depois de anos sem conseguir terminar um livro sequer. Consegui uma cópia na versão Kindle em meio às polêmicas de censura LGBT na bienal do ano passado, já que Anderson resolveu aderir ao protesto e deixar o livro de graça. Achei-o em uma lista qualquer no twitter, e como achei a capa muito lindinha, acabei pegando e decidi começar a ler, pra ver se meu antigo hábito de leitura retornava.
E, olha, fiquei muito surpreso.
Muito porque eu não tinha lido nem mesmo a sinopse, então não fazia IDEIA de que o livro abordaria, além de um romance LGBT, elementos sobrenaturais, morte, reencarnação, espíritos, "almas afins"...
Mas mesmo com tudo isso, é, no fim, uma história de amor.
Uma história de amor contada antes da redemocratização, em um Brasil que conseguia ser menos tolerante que o de hoje, que envolve incerteza, medo, repreensão, HIV, adoção, e até mesmo homofobia internalizada, todos esses elementos utilizados para construir uma história crível dentro do clichê friends-to-lovers que eu amo tanto, aqui muito bem construído com um slow born que até mesmo irrita às vezes - não por ser ruim, mas porque um dos personagens, Miguel, consegue ser mais burro que uma porta.
No fim, Lindo Desastre foi das melhores surpresas de 2019, com uma história linda e um personagem especial - Ricardo - que vou guardar com MUITO carinho porque é um homem perfection.
Entretanto, algumas considerações: não pude dar cinco estrelas porque às vezes a história travava um pouco, muito pelas burocracias que deviam ser obedecidas para que todas as pontas soltas fossem cobertas (procurações, por exemplo...). Não que eu tenha problema com isso, mas acho que poderia ter sido feito de maneira mais fluída. O autor, também, parece ter alguns pequenos vícios de linguagem, utilizando e abusando de expressões fechadas que a partir de certo ponto começaram a soar repetidas no ouvido, o que atrapalhou em pouco mas EM NADA interferiu na experiência gostosa que é ler Lindo Desastre em um domingo chuvoso - quem leu entendeu a piada.
A edição, também, tem alguns typos, que devem ter passado despercebidos pelo revisor, mas não são muitos e nada que não possa ser resolvido.
Dito tudo isso, posso resumir Lindo Desastre como (novamente) uma história sobre amor. Não somente o óbvio amor romântico, mas também o fraternal, o amor afetivo, que sentimos por pais, irmãos, primos, sobrinhos, tios e amigos, em que os laços sanguíneos pouco importam. É sobre entender que o amor transcende as barreiras - até mesmo as do tempo e a da vida - e, sobretudo, que somos dignos de amor, mesmo que às vezes nos pareça que não.