A review by purplcrosswords
A Boneca de Kokoschka by Afonso Cruz

2.0

Confesso que não fiquei convertida. Li o livro, mas o livro não me leu. Pareceu-me muito ocupado a fazer retórica bonita para me impressionar, e quanto mais eu me aborrecia, mais ele tentava. Não deu. Não ficámos inimigos nem nada que se pareça, mas é possível que demore algum tempo até que volte a ligar-lhe.

Comecei a lê-lo porque andava com saudades de ler sobre bonecas e, pela sinopse, pensei que houvesse um pouco mais da réplica da Alma Mahler. Mas ela mal apareceu, e a sua existência na obra ficou para mim marcada por um fatal sub-aproveitamento. Talvez fosse só eu com vontades freudianas, deparando-me com clichés sobre a relação vida-arte. Não é culpa do livro, talvez, mas culpa de um título e sinopse que me induziram em erro. As ideias do senhor Afonso Cruz não me deixaram particularmente em êxtase, nem as suas frases smarty-pants, talvez porque em vez de estarem simplesmente perdidas como rebuçados no texto, eram emolduradas acima de cada capítulo, nomeando-os. Capítulos estes extremamente curtos – pode ser uma característica extraordinária para muitos, mas em mim resultou numa perda de fluidez.

Por fim, é um livro muito mais curto do que parece. Pode não ter sido para mim, mas isso não implica que não deixe os demais leitores de Os na boca. Se forem como eu, até esta crítica vos dará mais vontade de ler o livro, só para provarem que estou errada. Deixo aqui o meu sincero incentivo.