A review by ritaralha
O Cisne Negro by Thomas Mann, Domingos Monteiro

2.0


Thomas Mann - Prémio Nobel da Literatura, 1929
"principalmente por seu grande romance, Buddenbrooks, que ganhou reconhecimento cada vez maior como uma das obras clássicas da literatura contemporânea"

Este livro estava na prateleira há uns 20 anos, e bem que podia por lá ter ficado esquecido.

É uma edição (1989) muito má da Relógio d’Água, limitou-se a aproveitar uma tradução antiga (talvez ainda feita com outros (des)acordos ortográficos), e nem se deu ao trabalho de fazer a revisão da mesma, assim encontramos palavras como:
“terrìvelmente, amìgavelmente, nitìdamente, fisìcamente, miùdinho, contìnuamente e maçagens.”

Outra coisa que me enervou é a incoerência na tradução de nomes próprios e locais, umas vezes estão no original noutras são traduzidos.

Publicado em 1954, O Cisne Negro, foi o último trabalho de Mann, e a sua fama não é favorecida por esta pequena e insignificante novela com 160 páginas sobre a paixão de uma mulher (pós menopausa) pelo professor do seu filho, um rapaz americano de 24 anos.

Em oposição à filha, uma artista com uma visão racional da vida, Rosália von Tümmler é uma romântica, devota da natureza em todas as suas formas. A sua paixão por Ken não é mais do que um renascimento, um regresso, da sua feminilidade, que ela vê expressa como uma recorrência do que ela acredita ser um período menstrual.
Num mundo em que a visão da mulher era apenas sexual e reprodutivo, Rosália luta contra o sentimento de ter sido descartada, ou melhor, despromovida para uma existência sem valor.

“- Vitória, Ana, vitória! Isto voltou-me, voltou-me depois duma longa interrupção, o mais naturalmente do mundo, e precisamente como acontece a uma mulher madura, cheia de vida! (…) Que milagre opera em mim a grande e boa Natureza,(…)”

No entanto, tanto ela como a sua filha sabem que essa paixão, embora muitas vezes descrita como amor, é explicitamente sexual e não romântica.
Rosália não conhece bem Ken, a maioria das suas conversas e encontros têm lugar na presença de outros. A relação mais importante nesta novela não é a de Rosália e Ken, mas sim a relação entre mãe e filha, e acima de tudo as conversas que têm durante todo o livro.

Há uma crítica à sociedade e aos seus preconceitos, e uma mensagem feminista, pena que não seja mais clara.