A review by joaofranciscof
Ensaio sobre a Lucidez by José Saramago

reflective slow-paced
  • Plot- or character-driven? A mix
  • Strong character development? Yes
  • Diverse cast of characters? N/A

4.0

Por onde começar? Saramago escreve uma sequela de um dos meus livros do coração. Se correspondeu às expectativas? Sim e não.
Sim porque mais uma vez temos uma mão cheia de críticas mordazes à Humanidade e à sua organização, personagens com quem podemos empatizar e que podemos compreender, reflexões hilariantes e/ou lindíssimas, etc. (para além dos paralelos ou referências ao Ensaio sobre a Cegueira!).
Não porque penso que o livro não precisava (de todo) de ser tão extenso e ainda estou a tentar compreender o porquê de José Saramago ter decidido contar esta história desta maneira, focando-se em certas coisas e não noutras, seguindo certas personagens e/ou cenários por algum tempo para depois as ‘descartar’ (dando-lhes voz e/ou protagonismo durante certos momentos ou secções do livro), etc.. Quem me dera poder sentar-me com ele e falar sobre este livro.
Mas pondo tudo isto à parte, é claramente um livro que devia ser lido por muitos (senão todos). As reflexões que propõe, especialmente as relacionadas com a democracia, deveriam ser obrigatórias.
Não estava a gostar muito das últimas páginas, senti a escrita um pouco apressada e os acontecimentos não estavam a ter a devida atenção, mas a última frase valeu por tudo. Fiquei todo arrepiado.
A ver vamos se consigo ler um Saramago ao ano!

“(…) Senhor presidente, a minha boca está e estará fechada, E a minha também, e a minha também, mas há ocasiões em que me ponho a imaginar o que este mundo poderia ser se todos abríssemos as bocas e não as calássemos enquanto, Enquanto quê, senhor presidente, Nada, nada, deixe-me só.”