A review by katya_m
Três Contos by Maxim Gorky

"- Sim, minha filha, - confirmou a fada-mãe - não era mais do que um pastor. Deve ser ainda novo, por isso ainda canta. Quando tiver vivido, deixará de saber cantar.
Tinha muita experiência, esta rainha das fadas."

A responsabilidade é toda minha. Não me estava a estrear com Gorki, sabia exatamente ao que ia. Mesmo assim, quando peguei em Três Contos, algo na minha cabeça me dizia que ia ter uma merecida distração para dias difíceis... Tolice!
Posto isto, Gorki fez exatamente o que sabia fazer, e bem feito: arrastou pela poeira das estepes a sordidez da humanidade. Fez isso, mas fê-lo com uma doçura que não é fácil de explicar: uma doçura que exsuda das tristezas, da dureza implacável da vida dos pobres, dos trabalhadores e dos desafortunados que tanto lhe ocupavam o tempo.

Da seleção deste volume, o destaque vai certamente para os primeiro e último contos, de cariz intimista e familiar, ligado à memória e à experiência pessoal, e mais característicos do escritor do que a adaptação do conto popular.

Não foi a pausa com uma leitura levezinha que eu esperava (sei lá se esperava isso ou exatamente o oposto, o que é mais provável!), mas foi mais um passo para preparar o caminho para a leitura de A Mãe numa fase em que não tenho oportunidade, ou vontade, de investir muito tempo ou atenção em leituras de elevada carga contestatária.

Tendo tudo isto em conta, Gorki está muitíssimo bem representado pela escolha destes títulos, e o pequeno volume de Três Contos é uma excelente primeira abordagem à sua obra.


O avô Arkhip e Lionka
⭐⭐⭐⭐
O jovem Pastor e a fadazinha
⭐⭐⭐
Na salina
⭐⭐⭐⭐