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A review by neylane
No Seu Pescoço by Chimamanda Ngozi Adichie
5.0
O livro traz 12 contos e a autora consegue mostrar a cultura nigeriana de um jeito muito singular, cada conto mostra uma esfera diferente de um povo que possui muitas camadas. Sinceramente, é surreal o quanto a gente perde por se fixar somente nas leituras mais comerciais, eu tô aprendendo demais com esse livro, coisas que eu sentia mas não conseguia discernir muito bem.
“Quando minha mãe nos levava ao mercado, os feirantes gritavam: “Ei! Senhora, por que desperdiçou sua pele clara num menino e deixou a menina tão escura? O que um menino está fazendo com tanta beleza?”
Eu já li livros de vários cantos desse mundo, mas não me recordo de já ter entrado numa narrativa africana tão bem apresentada assim, talvez o momento que estamos passando tenha me deixado mais sensível a essas nuances que uma narrativa cultural possui e o livro traz muitas vidas, cada conto me deixa uma sensação distinta, e mostra quantos rostos e vidas diferentes existem dentro de uma mesma cultura, que normalmente é vista como uma coisa só.
“não podia reclamar de não ter sapatos se a pessoa com quem estava falando não tinha pernas.”
Além de trazer muitos pontos importantíssimos sobre a mulher e como ela vista na sociedade, e aqui é um ponto que toca (claro que em especial mulheres não brancas) todas as mulheres. Um dos contos, Jumping Monkey Hill, fala sobre abuso sexual que mulheres sofrem no trabalho de um jeito tênue e ao mesmo tempo chocante, além dele se passar em um resort na África do Sul cheio de turistas brancos que, pasmem (ou não) se incomodam quando veem negros lá e isso é algo que parece até irônico, mas eu simplesmente acredito que seja assim realmente. Eu poderia fazer um comentário sarcástico, mas acho que é até dispensável.
Ao finalizar a leitura percebi esse livro se tornou uma referência pra mim em literatura africana, feminista, cultural e antológica. Realmente lendo livros assim a gente percebe o quanto a vida de um leitor é gratificante.
“dirigi para casa pensando nas vidas que poderíamos ter tido e nas vidas que tivemos”
O conto que mais me surpreendeu e se tornou o meu favorito foi A Historiadora Obstinada, o último do livro. Nele, acompanhamos a colonização no sul da Nigéria, a catequização e o medo e coragem diante daqueles estranhos que chegaram e mudaram tudo. Uma garota, neta da mulher que nos conta a história, se torna uma historiadora que dedica a vida a contar a história do seu povo antes da colonização. É um conto muito bonito que eu queria que fosse um livro inteiro.
Por fim, ler esse livro, ainda mais agora que as manifestações contra o racismo estão a todo vapor e o tema está sendo amplamente debatido, foi essencial porque eu gosto de falar do que sei e aprendi, e ler sempre foi, pra mim, o melhor modo de aprender. Indico muito.
“Quando minha mãe nos levava ao mercado, os feirantes gritavam: “Ei! Senhora, por que desperdiçou sua pele clara num menino e deixou a menina tão escura? O que um menino está fazendo com tanta beleza?”
Eu já li livros de vários cantos desse mundo, mas não me recordo de já ter entrado numa narrativa africana tão bem apresentada assim, talvez o momento que estamos passando tenha me deixado mais sensível a essas nuances que uma narrativa cultural possui e o livro traz muitas vidas, cada conto me deixa uma sensação distinta, e mostra quantos rostos e vidas diferentes existem dentro de uma mesma cultura, que normalmente é vista como uma coisa só.
“não podia reclamar de não ter sapatos se a pessoa com quem estava falando não tinha pernas.”
Além de trazer muitos pontos importantíssimos sobre a mulher e como ela vista na sociedade, e aqui é um ponto que toca (claro que em especial mulheres não brancas) todas as mulheres. Um dos contos, Jumping Monkey Hill, fala sobre abuso sexual que mulheres sofrem no trabalho de um jeito tênue e ao mesmo tempo chocante, além dele se passar em um resort na África do Sul cheio de turistas brancos que, pasmem (ou não) se incomodam quando veem negros lá e isso é algo que parece até irônico, mas eu simplesmente acredito que seja assim realmente. Eu poderia fazer um comentário sarcástico, mas acho que é até dispensável.
Ao finalizar a leitura percebi esse livro se tornou uma referência pra mim em literatura africana, feminista, cultural e antológica. Realmente lendo livros assim a gente percebe o quanto a vida de um leitor é gratificante.
“dirigi para casa pensando nas vidas que poderíamos ter tido e nas vidas que tivemos”
O conto que mais me surpreendeu e se tornou o meu favorito foi A Historiadora Obstinada, o último do livro. Nele, acompanhamos a colonização no sul da Nigéria, a catequização e o medo e coragem diante daqueles estranhos que chegaram e mudaram tudo. Uma garota, neta da mulher que nos conta a história, se torna uma historiadora que dedica a vida a contar a história do seu povo antes da colonização. É um conto muito bonito que eu queria que fosse um livro inteiro.
Por fim, ler esse livro, ainda mais agora que as manifestações contra o racismo estão a todo vapor e o tema está sendo amplamente debatido, foi essencial porque eu gosto de falar do que sei e aprendi, e ler sempre foi, pra mim, o melhor modo de aprender. Indico muito.