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A review by igormdemiranda
Laços de Família by Clarice Lispector
5.0
Após a experiência negativa com 'A Cidade Sitiada', eu não sabia muito bem o que esperar de 'Laços de Família', não mesmo. Tudo o que eu sabia é que, diferente do que já tinha lido anteriormente da autora, este era um livro de contos. E como muita gente diz que a melhor maneira de começar a ler Clarice é pelos seus contos, talvez a experiência fosse melhor do que a que tivera logo antes.
Mas não sabia.
Não sabia mesmo.
Logo soube.
Que grata surpresa!
Não apenas foi uma melhor experiência do que 'A Cidade Sitiada', como foi a melhor que tive com Clarice até o momento. Parece-me que os contos caiam muito bem ao seu estilo. As limitações impostas pelas poucas páginas faziam com que as histórias fossem melhor amarradas sem que as características claricianas fossem deixadas para trás — aliás, muito, pelo contrário: a concisão lhes dá força.
Em 13 contos, Clarice expões os laços familiares que aprisionam os indivíduos, especialmente as mulheres, dentro de um conjunto de normas e expectativas sociais e domésticas. Um exemplo disso está no começo de 'A Imitação da Rosa':
"Antes que Armando voltasse do trabalho a casa deveria estar arrumada e ela própria já no vestido marrom para que pudesse atender o marido enquanto ele se vestia..."
Ou então em 'Feliz Aniversário':
"Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, ela respeitara."
Esses são apenas dois exemplos de situações comuns das personagens de 'Laços de Família'. Em todos os casos, a crítica a situação da mulher no mundo é clara, e é feita de um modo muito mais universal do que em suas obras anteriores, o que faz desse livro um manifesto (bastante) feminista. Um trabalho incrível em conteúdo, em relevância e em estilo.
Por essa razão, é difícil escolher um conto favorito; mas eu diria que, além dos citados, 'O Crime do Professor de Matemática', 'Os Laços de Família' e 'Preciosidade' figuram entre os mais lembrados por mim.
Agora vamos para 'A Maçã no Escuro'.
Mas não sabia.
Não sabia mesmo.
Logo soube.
Que grata surpresa!
Não apenas foi uma melhor experiência do que 'A Cidade Sitiada', como foi a melhor que tive com Clarice até o momento. Parece-me que os contos caiam muito bem ao seu estilo. As limitações impostas pelas poucas páginas faziam com que as histórias fossem melhor amarradas sem que as características claricianas fossem deixadas para trás — aliás, muito, pelo contrário: a concisão lhes dá força.
Em 13 contos, Clarice expões os laços familiares que aprisionam os indivíduos, especialmente as mulheres, dentro de um conjunto de normas e expectativas sociais e domésticas. Um exemplo disso está no começo de 'A Imitação da Rosa':
"Antes que Armando voltasse do trabalho a casa deveria estar arrumada e ela própria já no vestido marrom para que pudesse atender o marido enquanto ele se vestia..."
Ou então em 'Feliz Aniversário':
"Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, ela respeitara."
Esses são apenas dois exemplos de situações comuns das personagens de 'Laços de Família'. Em todos os casos, a crítica a situação da mulher no mundo é clara, e é feita de um modo muito mais universal do que em suas obras anteriores, o que faz desse livro um manifesto (bastante) feminista. Um trabalho incrível em conteúdo, em relevância e em estilo.
Por essa razão, é difícil escolher um conto favorito; mas eu diria que, além dos citados, 'O Crime do Professor de Matemática', 'Os Laços de Família' e 'Preciosidade' figuram entre os mais lembrados por mim.
Agora vamos para 'A Maçã no Escuro'.