A review by rltinha
Gelo by Anna Kavan

2.0

Kavan dá muita parra apocalíptica e obsessão masculina na meia idade por uma jovem e vulnerável mulher de 21 anos. Mas o enredo é inexistente. Muitos vincam quão visionária foi Kavan na criação de uma catástrofe ambiental, mas fica a ideia de também isso ser incidental, uma metáfora que bem poderia ser qualquer outra. Porque o que lhe interessa é o microcosmos da realidade como o narrador a vê, servindo o Armagedão gelado como meio para um ajuste de contas que Anna Kavan quis fazer com o controlo, a obsessão e o despotismo de homens mais velhos sobre si. Retratá-los como vilões perenes, conscientes ou inconscientes, insensíveis ao mundo em redor.
Nenhuma uva fica da frondosa parra inicial. Raramente estas narrativas abertas frutificam sem as bengalas dos leitores. E não tenho por hábito ceder apoios na locomoção literária.