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A review by joaofranciscof
Últimos Ritos by Hannah Kent
dark
emotional
reflective
sad
medium-paced
- Plot- or character-driven? A mix
- Strong character development? Yes
- Loveable characters? Yes
- Diverse cast of characters? No
- Flaws of characters a main focus? It's complicated
3.5
Desconhecia esta história até a Hannah Kent a contar: a história das últimas pessoas a serem condenadas à pena capital na Islândia. Como a autora diz, é ficcionalizada, mas surpreendeu-me todo o trabalho de investigação que fez para retratar os costumes, as dinâmicas, as pessoas e os sítios o mais accurate possíveis. Isso foi, sem dúvida, um dos pontos altos do livro, ler como era a vida na Islândia no início do século XIX (spoiler: não era muito agradável). No fim do livro, é como se estivéssemos mesmo lá, com aquelas pessoas, e a sentir todos os sentimentos que elas sentem.
Porém, acho que a parte antes do fim foi apressada, sendo um pouco anti-climático e quase parecendo um livro diferente do que fomos lendo até então. Também não fui fã de algumas escolhas nas relações interpessoais e certas falas, para além de que muitas das imagens e metáforas foram pouco desenvolvidas (para o seu enorme potencial).
É uma história muito triste, que nos transporta para um tempo um pouco longínquo, num sítio também um pouco longínquo, e nos mostra como uma mulher que sai do molde é sempre o alvo a abater.
"Aqueles que não estão a ser arrastados para as suas mortes não podem compreender como o coração se torna duro e afiado, até ser um ninho de rochas com um único ovo vazio. Estou estéril, nada mais voltará a crescer de mim. Sou o peixe morto a secar ao ar frio. Sou a ave morta na margem. Estou seca, duvido que sangre quando me arrastarem para o encontro com o machado. Não, ainda estou quente, o meu sangue ainda me ruge nas veias como o próprio vento, e sacode o ninho vazio e pergunta para onde foram todos os pássaros, para onde foram?"
Porém, acho que a parte antes do fim foi apressada, sendo um pouco anti-climático e quase parecendo um livro diferente do que fomos lendo até então. Também não fui fã de algumas escolhas nas relações interpessoais e certas falas, para além de que muitas das imagens e metáforas foram pouco desenvolvidas (para o seu enorme potencial).
É uma história muito triste, que nos transporta para um tempo um pouco longínquo, num sítio também um pouco longínquo, e nos mostra como uma mulher que sai do molde é sempre o alvo a abater.
"Aqueles que não estão a ser arrastados para as suas mortes não podem compreender como o coração se torna duro e afiado, até ser um ninho de rochas com um único ovo vazio. Estou estéril, nada mais voltará a crescer de mim. Sou o peixe morto a secar ao ar frio. Sou a ave morta na margem. Estou seca, duvido que sangre quando me arrastarem para o encontro com o machado. Não, ainda estou quente, o meu sangue ainda me ruge nas veias como o próprio vento, e sacode o ninho vazio e pergunta para onde foram todos os pássaros, para onde foram?"