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A review by fevi
O quarto de Giovanni by James Baldwin
emotional
reflective
sad
tense
medium-paced
- Plot- or character-driven? Character
- Strong character development? Yes
- Loveable characters? It's complicated
- Diverse cast of characters? No
- Flaws of characters a main focus? Yes
5.0
O quarto de Giovanni é um livro com uma história triste belamente escrita. É um livro sobre prisões, medo, amor, desejo, vergonha, culpa.
A escrita de James Baldwin não é complexa. A leitura flui de forma espantosamente fácil, mas não é necessariamente fácil de se entender. Com diálogos e reflexões incríveis Baldwin tenta discutir, dando voz ao protagonista David, questões sobre sentimentos e moralidade. A constante fuga de David em tentar não se ver como um se ver como um corpo homossexual é extremamente conflitante e o fio condutor dessa obra. Um homem que sai de seu país para encontrar uma liberdade, mas fica preso "(...), pois nada é mais insuportável, uma vez obtido, que a liberdade." David não consegue se libertar mentalmente e é justamente isso que o faz sofrer.
O medo faz com que ele não consiga viver uma história de amor com Giovanni, o garçom pobre e italiano, que conhece em um bar. Ele entrega o corpo, mas não o verdadeiro sentimento real. Ele deseja, mas sente vergonha. Ele não quer ser sujo como os outros que vivem daquela forma. David se poda ao máximo, mesmo quando no quarto de Giovanni ele se deixa entregar de alguma àquele homem bonito e de sorriso cativante.
A narrativa entre presente e o passado traz questionamentos sobre o comportamento de David sobre acontecimentos que o fizeram chegar até ali. O texto de Baldwin simples, mas poético relata não só os problemas de aceitação do protagonista, mas demonstra comportamentos da sociedade preconceituosa. Isso ocorre inclusive dentro da própria comunidade LGBTQ+. Há inúmeras passagens sexistas e machistas durante o livro. Elas estão ali para exemplificar o poder da sociedade patriarcal em que vivemos. Com o seu estrago avassalador. Assim como a moralidade também desempenha o seu papel de forma horrível.
Os espaços nesse livro também são grandes personagens. Paris e suas ruas, o quarto de Giovanni, o bar de Guillaume todos ganham uma importância na história. São eles que muitas vezes elucidam ainda mais os personagens humanos. O território aqui tem tanta importância quanto o sentimento.
James Baldwin escreve sobre não viver um amor, sobre não se amar e as consequências disso tudo. Apesar de fácil leitura ele consegue transportar a complexidade dos sentimentos e do viver para essas páginas. Nada é entregue de maneira fácil. Não tem como ser já que estamos falando de seres humanos. O final é triste. A gente sabe que vai ser. A última cena deixa claro que não podemos fugir daquilo que somos. Não adianta fugir e nem pedir a Deus.
Sem sombra de dúvidas recomendo essa obra e até entenderia se algumas pessoas não curtissem. Ela é importante em vários contextos e apontamentos. É bem escrita, mas talvez não seja tão explícita o quanto a maioria das pessoas procura. Apesar disso ser um grande diferencial.
Posso concluir com esse segundo livro que leio dele que James Baldwin é um dos meus autores favoritos.
A escrita de James Baldwin não é complexa. A leitura flui de forma espantosamente fácil, mas não é necessariamente fácil de se entender. Com diálogos e reflexões incríveis Baldwin tenta discutir, dando voz ao protagonista David, questões sobre sentimentos e moralidade. A constante fuga de David em tentar não se ver como um se ver como um corpo homossexual é extremamente conflitante e o fio condutor dessa obra. Um homem que sai de seu país para encontrar uma liberdade, mas fica preso "(...), pois nada é mais insuportável, uma vez obtido, que a liberdade." David não consegue se libertar mentalmente e é justamente isso que o faz sofrer.
O medo faz com que ele não consiga viver uma história de amor com Giovanni, o garçom pobre e italiano, que conhece em um bar. Ele entrega o corpo, mas não o verdadeiro sentimento real. Ele deseja, mas sente vergonha. Ele não quer ser sujo como os outros que vivem daquela forma. David se poda ao máximo, mesmo quando no quarto de Giovanni ele se deixa entregar de alguma àquele homem bonito e de sorriso cativante.
A narrativa entre presente e o passado traz questionamentos sobre o comportamento de David sobre acontecimentos que o fizeram chegar até ali. O texto de Baldwin simples, mas poético relata não só os problemas de aceitação do protagonista, mas demonstra comportamentos da sociedade preconceituosa. Isso ocorre inclusive dentro da própria comunidade LGBTQ+. Há inúmeras passagens sexistas e machistas durante o livro. Elas estão ali para exemplificar o poder da sociedade patriarcal em que vivemos. Com o seu estrago avassalador. Assim como a moralidade também desempenha o seu papel de forma horrível.
Os espaços nesse livro também são grandes personagens. Paris e suas ruas, o quarto de Giovanni, o bar de Guillaume todos ganham uma importância na história. São eles que muitas vezes elucidam ainda mais os personagens humanos. O território aqui tem tanta importância quanto o sentimento.
James Baldwin escreve sobre não viver um amor, sobre não se amar e as consequências disso tudo. Apesar de fácil leitura ele consegue transportar a complexidade dos sentimentos e do viver para essas páginas. Nada é entregue de maneira fácil. Não tem como ser já que estamos falando de seres humanos. O final é triste. A gente sabe que vai ser. A última cena deixa claro que não podemos fugir daquilo que somos. Não adianta fugir e nem pedir a Deus.
Sem sombra de dúvidas recomendo essa obra e até entenderia se algumas pessoas não curtissem. Ela é importante em vários contextos e apontamentos. É bem escrita, mas talvez não seja tão explícita o quanto a maioria das pessoas procura. Apesar disso ser um grande diferencial.
Posso concluir com esse segundo livro que leio dele que James Baldwin é um dos meus autores favoritos.