A review by irissantos
Aversion by Kenechi Udogu

2.0

Análise requisitada pela autora.

Gemma Green é uma rapariga de 15 anos, cujo aspecto físico é difícil de imaginar, uma vez que tão pouca descrição existe sobre este, assim como do seu pai.

Gemma, ao contrário dos outros adolescentes da sua idade, é uma Averter. O que é um Averter? Um Averter é uma pessoa que possui a capacidade de sentir um desastre iminente na vida de alguém à sua volta. Fica ele então encarregue de evitar que este desastre ocorra, recorrendo à capacidade mental de evitar que a pessoa vá em frente com um plano ou atitude e assim conseguir fazer com que ela escape ilesa, sã e salva, e sem a percepção de ter sofrido uma manipulação telepática.

Um dia, na escola onde estuda, sente um choque que lhe percorre o corpo, ao aperceber-se que Russ, seu colega de turma, irá ter um acidente mortal se ela não o evitar. Com o apoio do pai, Gemma leva a cabo a aversão, a sua primeira de sempre, sobre a mente de Russ, e consegue. Porém, algo correu mal e Russ sente uma forte atracção que o impele a aproximar-se de Gemma, embora ela o evite a todo custo por viver na penumbra de forma a esconder a sua identidade e estranheza.
Após este erro do destino, Gemma e Russ acabam por inevitavelmente sentirem-se atraídos um pelo outro, mas este é o início dos seus problemas.

A premissa do enredo é interessante, embora já haja disto em grande número, não minto. A ideia de manipular a mente de outrem já é uma ideia que nos entretém há séculos (senão milénios) e sentimo-nos compelidos a brincar com ela.

O livros é simples, curto, e facilmente se lê num dia ou dois. O grande problema deste livro é… todo o resto.

A introdução começa quase de forma condescendente. Após Gemma se apresentar ao leitor, ela procede a descrever o seu poder especial e a dizer, “eu sei, parece mentira, mas não é, é verdade”. O que seria algo escusável de ser escrito, uma vez que estou a ler um livro sobre o paranormal urbano e é um grande motivo pelo qual eu o estou a ler.

Além disso, ao longo da história existem coisas que não encaixam, ou detalhes que parecem peças de um puzzle forçadas sobre as outras de forma a que nos obrigue a engolir as falhas no enredo e os erros de concordância na história. Existe até mesmo um erro tão grande que esperei até ao fim do livro para compreender se aquilo tinha um motivo de ser que me pudesse ter escapado. Não tinha.

O romance entre Gemma e Russ é forçado, embora isso dependa mais da minha predilecção por slow-burning romances. Tudo acontece muito rápido e eu creio que mesmo numa história com uma premissa tão simples, a autora quis apressar o enredo e ficaram muitos detalhes importantes por referir, que tornam o mundo e espaço ricos e interessantes.

A própria Gemma é uma personagem vagamente irritante para mim: bonita mas sem se aperceber, simples e sem desejos e determinação na vida. A típica heroína de uma distopia ou romance paranormal que, com toda a sinceridade, se tornou enjoativa. A sua ideia de se achar especial (ainda que de forma humilde, humildade essa imposta ao leitor e com um sabor completamente erróneo) cai por terra quando não pensa sequer que se ela existe em toda a sua peculiaridade, talvez também outros existam igualmente, afinal, nada neste Universo é único.

E para concluir a colecção de todos os problemas que o enredo tem, agrego mais o facto de o pai de Gemma viver toda a sua vida sobre uma dedução sem o mínimo fundamento que cria todos os problemas que caem sobre os ombros da sua filha. Claro que a história e o seu pivô teriam de aparecer de algum lado, mas a autora não se esforçou muito para pensar neste ponto.

Foi uma leitura rápida que na verdade foi atrasada pelo facto de me sentir pouco interessada logo à primeira página. Condescendência não cai bem a nenhum autor. Porém, achei uma leitura minimamente interessante para adolescentes ou pessoas que procuram um passatempo fugaz.


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