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A review by nzagalo
A Sombra do Vento by Carlos Ruiz Zafón
4.0
Cheguei até “A Sombra do Vento” através de várias reviews de amigos no Goodreads, não sendo poucos os que dão 5 estrelas, feito pouco comum, nomeadamente com obras contemporâneas, e a que se juntam ainda vários prémios internacionais. A sinopse tratou de me atrair ainda mais, nomeadamente a ideia de um “cemitério de livros”… Acabei hoje de o ler, e não lhe consigo dar mais de 3.5 estrelas. Deixo algumas razões para tal,
1. A escrita é fluída, escorreita, mas banal, quando sai do normal é para usar palavras retiradas do dicionário que atribuem um ar mais elaborado. Na mesma lógica segue o uso por vezes excessivo de adjectivação.
2. Os parágrafos de metáforas elaborados que vão surgindo sofrem de falta de criatividade, operando por meio de alguma vulgaridade nos atributos. Deixo um exemplo,
“Lágrimas de pólvora inflamada e lascas em brasa salpicaram o rosto do inspector. O fedor a carne chamuscada inundou a sala.”
3. Algumas das metáforas são também demasiado localizadas no espaço e tempo, faltando-lhe universalidade para chegar a quem não viveu nos anos 50 do século passado em Espanha.
4. O suspense vai sendo desenhado, e o storytelling mantém-nos agarrados, mas a estrutura raramente se densifica, cada pedaço da trama é tratado a seu tempo, como se o leitor não tivesse evoluído, e precisasse de ser guiado pela mão. O livro alonga-se por incapacidade na conjugação dos fio narrativos do enredo, e alguns destes são mesmo completamente secundários ou irrelevantes.
5. Estou a levar em conta que estamos perante um romance de aventura, e não uma obra com pretensões estéticas. Mas se comparada a escrita com por exemplo outro autor do género, como Dan Brown, nota-se uma falta de edição. A história está lá, os personagens, os nós narrativos, o suspense e mistério mas faltou trabalho de edição final. Faltou o design do storytelling, por forma a enfatizar o que tinha de o ser, e a secundarizar e paralelizar o que era menor. Desenvolver uma estrutura mais sólida, capaz de suportar um enredo mais intenso, porque concentrado e menos disperso.
6. O último ponto e que foi o que acabou por me afastar ainda mais foi que o conceito inicial que tanto me tinha atraído, acabou por servir apenas de catapulta do romance de aventura, nada mais. O “cemitério dos livros” é no fim de contas um mero adereço, um artifício narrativo completamente menosprezado pelo autor.
1. A escrita é fluída, escorreita, mas banal, quando sai do normal é para usar palavras retiradas do dicionário que atribuem um ar mais elaborado. Na mesma lógica segue o uso por vezes excessivo de adjectivação.
2. Os parágrafos de metáforas elaborados que vão surgindo sofrem de falta de criatividade, operando por meio de alguma vulgaridade nos atributos. Deixo um exemplo,
“Lágrimas de pólvora inflamada e lascas em brasa salpicaram o rosto do inspector. O fedor a carne chamuscada inundou a sala.”
3. Algumas das metáforas são também demasiado localizadas no espaço e tempo, faltando-lhe universalidade para chegar a quem não viveu nos anos 50 do século passado em Espanha.
4. O suspense vai sendo desenhado, e o storytelling mantém-nos agarrados, mas a estrutura raramente se densifica, cada pedaço da trama é tratado a seu tempo, como se o leitor não tivesse evoluído, e precisasse de ser guiado pela mão. O livro alonga-se por incapacidade na conjugação dos fio narrativos do enredo, e alguns destes são mesmo completamente secundários ou irrelevantes.
5. Estou a levar em conta que estamos perante um romance de aventura, e não uma obra com pretensões estéticas. Mas se comparada a escrita com por exemplo outro autor do género, como Dan Brown, nota-se uma falta de edição. A história está lá, os personagens, os nós narrativos, o suspense e mistério mas faltou trabalho de edição final. Faltou o design do storytelling, por forma a enfatizar o que tinha de o ser, e a secundarizar e paralelizar o que era menor. Desenvolver uma estrutura mais sólida, capaz de suportar um enredo mais intenso, porque concentrado e menos disperso.
6. O último ponto e que foi o que acabou por me afastar ainda mais foi que o conceito inicial que tanto me tinha atraído, acabou por servir apenas de catapulta do romance de aventura, nada mais. O “cemitério dos livros” é no fim de contas um mero adereço, um artifício narrativo completamente menosprezado pelo autor.