A review by katya_m
A History of the Roman Empire in 21 Women by Emma Southon

Did not finish book.
Conseguir que eu abandone um livro sobre cultura clássica (e o papel das mulheres dentro dela) é um feito prodigioso, no pior dos sentidos. Mas tenho muitos e variados problemas com este livro, a começar aqui:
Chamar revisionismo a uma leitura que não esquece as figuras femininas que compõem a história é tão perigoso como afirmar que estas não tomaram parte nela, já que ambas - leitura revisionista ou leitura marginal - nascem de uma leitura original em que não figuram as mulheres. E isto não é correto. Aliás, a autora esforça-se por mostrar que a cultura romana, nos seus primórdios, precisa de, e reconhece as mulheres no seu discurso histórico. Logo, o revisionismo é aquilo que a historiografia tem vindo a sofrer de então até agora, com este tipo de livro a tentar recuperar os discursos e interpretações originais. Logo, não é de revisionismo que este livro trata. Logo, não sei em que pensava a autora para o afirmar, mas vou tomá-lo como sintomático de uma época confusa como aquela em que vivemos.
Depois há o problema do tom (muito) ligeiro com que a autora trata temas sérios como rapto, assassinato, violação etc. Entendo aligeirar a temática - dado o contexto da publicação não ser académico (arrisco mesmo dizer que o livro se destina às massas que consomem mitologia e cultura clássica apenas através de retellings e dos fenómenos de cultura pop atuais) -, mas parece-me um exagero a frequência com que o faz (frequência essa apenas superada pela interferência de valores modernos e vocabulário obsceno na narrativa), a menos que pretenda que o livro seja lido por miúdos de 14 anos. Mas talvez esse seja mesmo o objetivo já que o sentido de humor da autora é chocantemente infantil - como aqui: The Roman Republic insisted that gods as important as Jupiter got two priests, a husband-and-wife duo called the flamen and flaminica Dialis, while lesser gods like little lost Furrina (perhaps the goddess of cute kittens?) were granted one. E arrapazado - como aqui: Now the reason I’m telling you this, even though it is not strictly relevant, is that the sacred objects were kept in a special room, a room only these six lifelong virgins could legally enter, these women who would never experience the touch of a man. The Romans called that room the penus. (...) In certain ways, the Vestals – with their protection of the hearth and the penus (stop it) – were Rome. Por favor, alguém diga à senhora que isto não significa o que ela pensa que os seus leitores vão pensar!

Não cheguei longe neste livro, mas também não vale a pena. A History of the Roman Empire in 21 Women é um livro que se vende barato: a tentativa de fazer sensacionalismo com as histórias, e comédia com as palavras é triste e ineficaz, e transmite a sensação de que a própria autora não respeita o seu trabalho o suficiente, acabando por embarcar neste tipo de jornada a descambar para o estilo redes sociais.