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A review by ritaralha
Mr. Vertigo by Paul Auster
4.0
Paul Benjamin Auster (1947 - 2024)
Apesar de ter muitos livros de Paul Auster na minha estante (11), só depois do anúncio da morte da última “estrela” da Literatura Americana é que decidi iniciar-me na sua obra, começando por Mr. Vertigo, atraída pela sinopse intrigante e pela reputação do romance como uma das obras mais cativantes de Auster.
É uma história que mergulha nas profundezas da alma humana, explora temas como identidade, amadurecimento e a busca pelo significado da vida.
Quando passamos muito tempo a olhar para o rosto de alguém, acabamos por ter a sensação de que estamos a olhar para nós próprios.
Estamos em 1924, e Walt Rawley, um órfão de 9 anos de idade que vive nas ruas de Nova York durante a Grande Depressão, é recrutado por um misterioso homem chamado Mestre Yehudi para aprender a arte do voo.
Não vales mais do que um animal. Se continuares assim, não chegarás vivo ao fim do Inverno. Se vieres comigo, ensinar-te-ei a voar.
Walt aceita a proposta e segue com o Mestre Yehudi para uma quinta isolada de tudo.
Estamos no Kansas. E podes crer que, em toda a tua vida, nunca viste uma terra mais plana nem mais desolada.
Os primeiros tempos não são fáceis, e como todos os miúdos, ele é rebelde e tem grande resistência a ser educado. Na quinta, Walt faz amizade com um miúdo negro, Esopo, que adora estudar e tem um conhecimento prodigioso, e ganha afeição por Mãe Sioux, neta de Sitting Bull.
Depois de ultrapassadas as primeiras dificuldades, Walt finalmente consegue completar os 33 degraus e acaba por levitar.
Tinha doze anos quando caminhei sobre as águas pela primeira vez. Foi o homem de preto quem me ensinou a fazer isso e não vou pôr-me para aqui com histórias e dizer que aprendi o truque da noite para o dia.
Após um ataque do Ku Klux Klan, Walt e Yehudi partem numa digressão pelos Estados Unidos, e a partir daqui o romance avança rapidamente. Assistimos à ascensão e queda do seu espectáculo, à carreira como gangster, à abertura do seu nightclub Mr. Vertigo e ao regresso a Wichita onde volta a encontrar Mrs. Witherspoon.
Em Mr. Vertigo, Auster convida-nos a voar além das fronteiras da realidade, onde a única queda é a da própria alma, livre para desbravar os céus da imaginação.
É aí que a coisa começa — tudo o mais vem por acréscimo. Temos de nos deixar evaporar. Temos de deixar que os nossos músculos amoleçam, temos de respirar até sentirmos a nossa alma a escoar-se de nós, e, depois, é só fechar os olhos. É assim que se faz. O vazio dentro do nosso corpo torna-se mais leve do que o ar à nossa volta. A pouco e pouco, começamos a pesar menos do que nada. Fechamos os olhos; estendemos os braços; deixamo-nos evaporar. E então, a pouco e pouco, erguemo-nos do chão.
Assim.
4,5 ⭐️