A review by ggcd1981
Convenience Store Woman by Sayaka Murata

challenging funny reflective medium-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes
  • Loveable characters? It's complicated
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? Yes

4.25

Eu escolhi ler esse livro pois sua descrição fala de uma mulher de 36 anos que não atendia as expectativas de sua família e sociedade. Ela estava feliz com o que tinha, mas o mundo ao seu redor a pressionava a ter ambição, fazer mais, casar, ter filhos. Assim ela se sentia inadequada porque não queria nada disso. Eu me identifiquei bastante com a situação da protagonista. Especialmente a parte de estar feliz com o que tem, mas sentir a pressão externa de família e amigos de “você tem de querer mais, fazer mais, ter mais”. Contudo, ademais da sua falta de ambição e metas maiores a protagonista também parece ter algum tipo de neurodivergência. Nunca é dito no livro que tipo de neurodivergência, porém o livro deixa claro que a personagem tem padrões de pensamento diferentes das pessoas ao seu redor. Por exemplo quando pede a sua irmã para pensar em respostas por ela, pois acredita que suas próprias respostas não são adequadas para as pessoas “normais”. O livro acompanha em um formato Slice of life a rotina de Keiko Furukara que tem um emprego de meio período na loja de conveniência Smile Mart. Durante toda a obra Furukara busca ser vista por família e amigos como “normal”, porém é confrontada com a realidade de que seu jeito e sua vida (atendente de loja de conveniência e solteira sem filhos) não se adequam ao molde do que as pessoas consideram normal. Então ela tenta constantemente copiar as formas de agir e falar das pessoas ao seu redor.
Um ponto importante no livro é a introdução do personagem Shiraha, um Incel que constantemente reclama de como pessoas como ele e Furukara são expurgadas da sociedade por não se adequarem. Ironicamente, Shiraha constantemente insulta e menospreza Furukara e a sua devoção a loja de conveniência. Isso seria muito mais irritante se não fosse o fato de Furukara ser indiferente ao que Shiraha pensa sobre ela e quão irrelevante ele é para ela fora do seu objetivo, ser uma ferramenta para que ela pareça normal. A protagonista é pragmática e propõe um casamento entre ela e Shiraha para que os dois possam se encaixar no molde da sociedade. O Incel aceita, pois não só seria visto mais como homem normal, mas também para ter alguém que o sustente. No entanto Shiraha acaba por se juntar as pessoas que pressionam a protagonista a fazer mudanças e procurar um emprego melhor. O livro culmina com Furukara, enquanto caminha para uma entrevista de emprego com Shiraha, passando por uma loja de conveniência e, começando a ajudar o pessoal da loja em suas tarefas, tem o insight de que a loja de conveniência é o seu lugar, o que dá proposito a sua vida. A protagonista, de sua maneira pragmática, dispensa Shiraha dizendo que não tem mais utilidade para ele agora que decidiu o que quer fazer. Assim mostrando que não mudará para ser considerada normal.
A escrita foi objetiva e expressou bem o sentimento de alienação da personagem da sociedade a seu redor. O tema é bastante pessoal para mim e gostei de como foi abordado. Gostei também de ver representação de neurodivergência e de observar um panorama da vida cotidiana de trabalhadores no Japão atual. Dou 4.25 estrelas.


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