Scan barcode
A review by acrisalves
A Fórmula by Vicente Segrelles
4.0
Publicado originalmente em Os Rascunhos
A série Mercenário tinha sido publicada em Portugal há alguns anos, mas tinha ficado incompleta. Mais recentemente, a Ala dos Livros recupera-a, não só continuando a série, mas republicando os primeiros volumes em capa dura. É uma história com alguns elementos clássicos, com um mercenário a salvar donzelas e a superar provas onde demonstra a sua bravura e honra. Mas, para além dos elementos clássicos, consegue destacar-se e surpreender nalguns momentos, agarrando o leitor pelas reviravoltas curiosas.
O primeiro volume tinha já marcado o passo, apresentando a personagem principal, com uma história de contornos aparentemente tradicionais em relação a um mercenário que, afinal, age como um cavaleiro. Neste segundo volume, o mercenário vai ser contratado para acompanhar um famoso alquimista numa expedição misteriosa, mas chegados ao destino secreto, descobre-se que o alquimista é um trapaceiro pouco honrado. O mercenário rapidamente toma novas alianças, procurando resolver os estragos feitos pelo alquimista. Mas para ser totalmente aceite pelos seus novos aliados, deverá passar uma série de provas que testam não só a força e a inteligência, como a honra.
Se, no primeiro volume, a história apresentava o mercenário a salvar donzelas nas mais diversas situações (ainda que estes episódios terminassem de forma original e pouco tradicional), nestes dois volumes, o mercenário vai poder ser salvo por uma mulher. Apesar da nudez presente, a narrativa afasta-se do cliché das damas indefesas que se derretem pelos seus salvadores, mas apresenta mulheres sexys que nem por isso têm de ser fracas ou histéricas.
O enquadramento é semi medieval, decorrendo num tempo e espaço incertos. Não é, decerto, no nosso mundo. Existem dragões e outras criaturas que podem voar e ser montadas. Existem monstros em locais inóspitos que matam tudo o que tocar na água. Existem cidades em locais recônditos que parecem ter alguma tecnologia ou ciência, ainda que esta pareça ser percepcionada mais como magia. O mundo criado é peculiar, simultaneamente familiar e alienígena.
Apesar destes elementos de fundo, a narrativa é relativamente simples, centrada numa personagem de acção da qual se consegue saber pouco. O mercenário vê-se em situações curiosas, mas ele próprio parece corresponder ao cavaleiro, sem grandes questionamentos morais ou falhas que poderiam ser percepcionadas como humanas. O mercenário age como esperado segundo o seu arquétipo – mas o que move o interesse na leitura, são pequenos twists que vão permitindo afastar a narrativa do tom demasiado severo e conceder-lhe, até, algumas ironias.
Tal como a narrativa, o desenho apresenta-se clássico – por vezes, datado. Poucos contrastes, posturas rígidas, expressões fixas e exageradas, por vezes pouco fluídas ou naturais. Destacam-se os detalhes nas armaduras e edifícios, que são os elementos mais enriquecedores do ponto de vista visual. O volume consegue apresentar páginas fabulosas, apesar de alguns momentos mais estranhos quando focamos nas posturas corporais ou expressões.
Apesar de não ser a minha série favorita em continuação, é uma leitura agradável e decerto pretendo continuar e ver de que forma esta série terá evoluído.
A série Mercenário tinha sido publicada em Portugal há alguns anos, mas tinha ficado incompleta. Mais recentemente, a Ala dos Livros recupera-a, não só continuando a série, mas republicando os primeiros volumes em capa dura. É uma história com alguns elementos clássicos, com um mercenário a salvar donzelas e a superar provas onde demonstra a sua bravura e honra. Mas, para além dos elementos clássicos, consegue destacar-se e surpreender nalguns momentos, agarrando o leitor pelas reviravoltas curiosas.
O primeiro volume tinha já marcado o passo, apresentando a personagem principal, com uma história de contornos aparentemente tradicionais em relação a um mercenário que, afinal, age como um cavaleiro. Neste segundo volume, o mercenário vai ser contratado para acompanhar um famoso alquimista numa expedição misteriosa, mas chegados ao destino secreto, descobre-se que o alquimista é um trapaceiro pouco honrado. O mercenário rapidamente toma novas alianças, procurando resolver os estragos feitos pelo alquimista. Mas para ser totalmente aceite pelos seus novos aliados, deverá passar uma série de provas que testam não só a força e a inteligência, como a honra.
Se, no primeiro volume, a história apresentava o mercenário a salvar donzelas nas mais diversas situações (ainda que estes episódios terminassem de forma original e pouco tradicional), nestes dois volumes, o mercenário vai poder ser salvo por uma mulher. Apesar da nudez presente, a narrativa afasta-se do cliché das damas indefesas que se derretem pelos seus salvadores, mas apresenta mulheres sexys que nem por isso têm de ser fracas ou histéricas.
O enquadramento é semi medieval, decorrendo num tempo e espaço incertos. Não é, decerto, no nosso mundo. Existem dragões e outras criaturas que podem voar e ser montadas. Existem monstros em locais inóspitos que matam tudo o que tocar na água. Existem cidades em locais recônditos que parecem ter alguma tecnologia ou ciência, ainda que esta pareça ser percepcionada mais como magia. O mundo criado é peculiar, simultaneamente familiar e alienígena.
Apesar destes elementos de fundo, a narrativa é relativamente simples, centrada numa personagem de acção da qual se consegue saber pouco. O mercenário vê-se em situações curiosas, mas ele próprio parece corresponder ao cavaleiro, sem grandes questionamentos morais ou falhas que poderiam ser percepcionadas como humanas. O mercenário age como esperado segundo o seu arquétipo – mas o que move o interesse na leitura, são pequenos twists que vão permitindo afastar a narrativa do tom demasiado severo e conceder-lhe, até, algumas ironias.
Tal como a narrativa, o desenho apresenta-se clássico – por vezes, datado. Poucos contrastes, posturas rígidas, expressões fixas e exageradas, por vezes pouco fluídas ou naturais. Destacam-se os detalhes nas armaduras e edifícios, que são os elementos mais enriquecedores do ponto de vista visual. O volume consegue apresentar páginas fabulosas, apesar de alguns momentos mais estranhos quando focamos nas posturas corporais ou expressões.
Apesar de não ser a minha série favorita em continuação, é uma leitura agradável e decerto pretendo continuar e ver de que forma esta série terá evoluído.