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nzagalo's review against another edition
4.0
No final das 1000 páginas podemos fechar o livro e decidir ficar com as impressões criadas ao longo das semanas de leitura, sem realizar qualquer esforço de as organizar, de lhes dar um sentido. Essa vontade pode ser maior quando de frente a livros que são escritos com a intenção de se furtar a essas tentativas de catalogação ou organização de significados, como é o caso de “2666”. Ainda assim, enquanto leitores dotados de competências, por vezes obsessivas, na identificação de padrões e atribuição de significados, torna-se difícil não encetar esse esforço. As linhas que se seguem são assim o resultado da minha experiência de leitura, condensada e verbalizada num conjunto de ideias e parágrafos.
[imagem:
ver https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html]
“2666” é destacado no panorama literário por duas razões contextuais — o seu tamanho, que tem motivado uma discussão, irrelevante, sobre se deveriam ser 5 livros autónomos, ou apenas 1; e a morte prematura do autor, tendo o livro sido publicado de forma póstuma, um ano após a sua morte — e ainda uma razão narrativa — a descrição de violência, apresentando assassinatos de dezenas e dezenas de mulheres. Mas, na verdade, estas razões são adereços, contribuindo pouco para a compreensão do que está contido nesta obra, do que nos impacta e produz uma experiência singular.
Descartando desde já as razões contextuais que me parecem por demais óbvias na sua irrelevância, preciso de dar conta da questão da violência, que não sendo de somenos, acaba sendo-o pelo tratamento escolhido pelo autor para a representação da mesma. Passo a explicar. A violência apresentada numa cidade fictícia, na fronteira do México com os EUA, é facilmente conectada com a violência ocorrida na cidade de Juárez entre os anos 1993 e 2010. Ou seja, aquilo que Bolaño nos apresenta não é pura ficção, é baseado em múltiplos relatos que leu sobre o que se passava em Juárez.
Assim, no início dos anos 2000 começaram a surgir, nos media internacionais, histórias e apelos à comunidade internacional para o alegado fenómeno de femícidio, sem precedentes em todo o planeta. Nuns meios falava-se em 100 mulheres, noutros em mais de 300, e noutros chegava-se a 500 mulheres assassinadas. Eram números nunca ouvidos, em parte alguma, tendo gerado forte comoção na sociedade internacional, e consequentemente respostas da literatura como “2666”, mas também “If I Die in Juárez” por Stella Pope Duarte, entre outras. No cinema, o realizador de “Bordertown” (2007) — com Martin Sheen e Jennifer Lopez — falava, em entrevista, que existiam mais 5 mil mulheres desaparecidas, só na cidade de Juárez. Nas revistas, escreviam-se títulos como "Juárez, a Cidade que Odeia as Mulheres".
[imagem:
ver https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html]
Cruzes rosa em Juárez marcando o assassinato de várias mulheres
Ou seja, Juárez, a ser uma cidade onde as mulheres, e apenas estas, morriam às mãos de homens, vítimas de violação violentas, de profanação, estaríamos a falar de uma maldade “encarnada”, racionalizada, capaz de olhar para a mulher como ser inferior, que serve apenas os propósitos do macho para depois ser descarta numa qualquer lixeira a céu aberto, tratada como nenhum animal. O problema de todo este enredo, que cria a representação de um Inferno à superfície da Terra, é que está longe da realidade. Se Bolaño fala e descreve dezenas e dezenas de assassinatos violentíssimos todos, sem exceção, cometidos sobre mulheres, quando olhamos para os dados efetivos da cidade de Juárez nos anos reportados por Bolaño, verificamos algo muito contrastante (ver tabela):
[imagem:
ver https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html]
Número de assassinatos, triagem por género e percentagem, entre 1988 e 2012, da cidade de Juárez, México [1]
1993 foi ano em que mais mulheres face aos homens morreram, ainda assim por cada 2 mulheres mortas, apareciam 8 homens mortos. Se os dados, na altura examinada por Bolaño, impressionam, após a sua morte, em 2003, os números de assassínios na cidade Juárez viriam a explodir, atingindo valores absolutamente inauditos em 2010, com mais de 3600 pessoas assassinadas, mas mesmo aí, apenas 10% eram mulheres, uma percentagem baixa quando comparada com os 25% nos EUA [1]. Face à média de assassínios no México, que é já bastante alta na relação internacional, cerca de 30 por 100 mil, Juárez apresentou nesse ano uma média 10 vezes acima [2]. Para se poder ter uma noção do que são 3600 assassinatos, numa cidade de 1,3 milhões de habitantes, podemos dizer que Portugal, um país de 10 milhões de habitantes, apresenta menos de 100 assassinatos por ano.
Ou seja, existia um problema grave naquela cidade, mas esse problema nunca foi exclusivo das mulheres, como dão conta as quase todas 300 páginas do capítulo 4 de “2666”. Podemos dizer que problema era muito menos racional, dirigido, refletido, e muito mais fruto dos ambientes de violência proporcionados pelas variáveis da droga, mas também de cidade fronteiriça que atraía milhares de pessoas de toda a américa latina, em busca do salto para os EUA. Muitas destas pessoas não possuiam papéis, não eram suportados por laços familiares nem de proximidade, acabando em malhas complexas e muito tóxicas, para as quais a vida humana nada vale, é totalmente descartável seja homem, mulher ou criança.
Entrando agora na obra, nas suas qualidades estéticas e na experiência produzida. Tenho de dizer que Bolaño foi um virtuoso literário, tanto no modo como escrevia, como no modo como entrelaçava enredos, apresentando uma capacidade para contar histórias como se não passasse de um simples respirar. Para esse efeito a sua escrita, aparentemente acessível, dá cor e tom ao historiar, permitindo que o leitor entre nos universos ficcionais criados, e se deixe ficar por ali, simplesmente pela experiência da leitura, mesmo sabendo que não existirão grandes respostas à espera no final. Bolaño transporta o leitor para o seu mundo, enreda-o, envolve-o, alimenta-o, e faz como que se sinta ali bem recebido, mesmo quando de relatar o horror se trata. Para isso, Bolaño convoca espaços espalhados pelo globo — Alemanha, França, Inglaterra, Itália, México, Chile, EUA, etc. — que vão servindo na ampliação do cenário da viagem, enredando-nos, como se fosse abrindo sempre novas avenidas para dar a ver e sentir, mas que alimenta de histórias, múltiplas, umas dentro da outras, labirínticas no espaço e no tempo.
Contudo, nem sempre acompanhei o autor. Existem múltiplas secções, e em 1000 páginas não é difícil, em que sentimos Bolaño a dar pura rédea solta a criatividade, deixando a imaginação divagar sobre um qualquer caminho narrativo, totalmente irrelevante, alimentando-o de descrição, apenas porque sim, ou apenas para poder preencher mais algumas páginas do seu enorme tomo. Para atenuar estes momentos, menos engajantes, Bolaño usa a sátira, um elemento particular deste tipo de pós-modernismo, a fazer lembrar David Foster Wallace, ainda que bastante mais acessível, desde logo porque muito menos fragmentário. E ainda, na senda de DFW, usa a meta-narração, com o narrador a intrometer-se, sub-repticiamente, aqui e ali, para nos dar conta do que estamos a ler, porque estamos a ler, com comentários sobre a diferença entre o que estamos a ler e poderíamos ler noutro qualquer lugar, aprofundando assim o tom satírico pela autocrítica.
Finalmente, sobre o que diz, ou teria para dizer, com uma obra tão grande e dotada de momentos tão intensos. Confesso sentir algum vazio. A obra preencheu-me totalmente no processo de leitura, questionou-me e confrontei-a, mas terminada, fechou-se. Nem as pontas abertas me deixaram com vontade de procurar compreender porquê assim e não de outra forma. Existem múltiplas ideias, mensagens e conceitos espalhados pelas páginas, mas formam mais um conjunto de idiossincrasias do autor, da sua forma de estar no mundo, como olhava para a realidade, considerava o outro, a arte e a vida do que propriamente uma ideia ou visão que nos quisesse passar com esta obra em particular. Posso dizer que sempre tive a inclinação para ver no 2666, o ano do diabo, e que para esse convergiria todo o mal à face do planeta, podendo Juárez servir de epicentro. Mas tudo isso cai um pouco por Terra com o tratamento dado aos dados do que realmente aconteceu naquela cidade.
[1] Molly Molloy. (2014). “The femicide fallacy: tyranny of the ten percent”
[2] Steven S. Volk. (2015). The Historiography of Feminicide in Ciudad Juárez: Critical and Revisionist Approaches
Publicado no blog VI - https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html
[imagem:
ver https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html]
“2666” é destacado no panorama literário por duas razões contextuais — o seu tamanho, que tem motivado uma discussão, irrelevante, sobre se deveriam ser 5 livros autónomos, ou apenas 1; e a morte prematura do autor, tendo o livro sido publicado de forma póstuma, um ano após a sua morte — e ainda uma razão narrativa — a descrição de violência, apresentando assassinatos de dezenas e dezenas de mulheres. Mas, na verdade, estas razões são adereços, contribuindo pouco para a compreensão do que está contido nesta obra, do que nos impacta e produz uma experiência singular.
Descartando desde já as razões contextuais que me parecem por demais óbvias na sua irrelevância, preciso de dar conta da questão da violência, que não sendo de somenos, acaba sendo-o pelo tratamento escolhido pelo autor para a representação da mesma. Passo a explicar. A violência apresentada numa cidade fictícia, na fronteira do México com os EUA, é facilmente conectada com a violência ocorrida na cidade de Juárez entre os anos 1993 e 2010. Ou seja, aquilo que Bolaño nos apresenta não é pura ficção, é baseado em múltiplos relatos que leu sobre o que se passava em Juárez.
Assim, no início dos anos 2000 começaram a surgir, nos media internacionais, histórias e apelos à comunidade internacional para o alegado fenómeno de femícidio, sem precedentes em todo o planeta. Nuns meios falava-se em 100 mulheres, noutros em mais de 300, e noutros chegava-se a 500 mulheres assassinadas. Eram números nunca ouvidos, em parte alguma, tendo gerado forte comoção na sociedade internacional, e consequentemente respostas da literatura como “2666”, mas também “If I Die in Juárez” por Stella Pope Duarte, entre outras. No cinema, o realizador de “Bordertown” (2007) — com Martin Sheen e Jennifer Lopez — falava, em entrevista, que existiam mais 5 mil mulheres desaparecidas, só na cidade de Juárez. Nas revistas, escreviam-se títulos como "Juárez, a Cidade que Odeia as Mulheres".
[imagem:
ver https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html]
Cruzes rosa em Juárez marcando o assassinato de várias mulheres
Ou seja, Juárez, a ser uma cidade onde as mulheres, e apenas estas, morriam às mãos de homens, vítimas de violação violentas, de profanação, estaríamos a falar de uma maldade “encarnada”, racionalizada, capaz de olhar para a mulher como ser inferior, que serve apenas os propósitos do macho para depois ser descarta numa qualquer lixeira a céu aberto, tratada como nenhum animal. O problema de todo este enredo, que cria a representação de um Inferno à superfície da Terra, é que está longe da realidade. Se Bolaño fala e descreve dezenas e dezenas de assassinatos violentíssimos todos, sem exceção, cometidos sobre mulheres, quando olhamos para os dados efetivos da cidade de Juárez nos anos reportados por Bolaño, verificamos algo muito contrastante (ver tabela):
[imagem:
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Número de assassinatos, triagem por género e percentagem, entre 1988 e 2012, da cidade de Juárez, México [1]
1993 foi ano em que mais mulheres face aos homens morreram, ainda assim por cada 2 mulheres mortas, apareciam 8 homens mortos. Se os dados, na altura examinada por Bolaño, impressionam, após a sua morte, em 2003, os números de assassínios na cidade Juárez viriam a explodir, atingindo valores absolutamente inauditos em 2010, com mais de 3600 pessoas assassinadas, mas mesmo aí, apenas 10% eram mulheres, uma percentagem baixa quando comparada com os 25% nos EUA [1]. Face à média de assassínios no México, que é já bastante alta na relação internacional, cerca de 30 por 100 mil, Juárez apresentou nesse ano uma média 10 vezes acima [2]. Para se poder ter uma noção do que são 3600 assassinatos, numa cidade de 1,3 milhões de habitantes, podemos dizer que Portugal, um país de 10 milhões de habitantes, apresenta menos de 100 assassinatos por ano.
Ou seja, existia um problema grave naquela cidade, mas esse problema nunca foi exclusivo das mulheres, como dão conta as quase todas 300 páginas do capítulo 4 de “2666”. Podemos dizer que problema era muito menos racional, dirigido, refletido, e muito mais fruto dos ambientes de violência proporcionados pelas variáveis da droga, mas também de cidade fronteiriça que atraía milhares de pessoas de toda a américa latina, em busca do salto para os EUA. Muitas destas pessoas não possuiam papéis, não eram suportados por laços familiares nem de proximidade, acabando em malhas complexas e muito tóxicas, para as quais a vida humana nada vale, é totalmente descartável seja homem, mulher ou criança.
Entrando agora na obra, nas suas qualidades estéticas e na experiência produzida. Tenho de dizer que Bolaño foi um virtuoso literário, tanto no modo como escrevia, como no modo como entrelaçava enredos, apresentando uma capacidade para contar histórias como se não passasse de um simples respirar. Para esse efeito a sua escrita, aparentemente acessível, dá cor e tom ao historiar, permitindo que o leitor entre nos universos ficcionais criados, e se deixe ficar por ali, simplesmente pela experiência da leitura, mesmo sabendo que não existirão grandes respostas à espera no final. Bolaño transporta o leitor para o seu mundo, enreda-o, envolve-o, alimenta-o, e faz como que se sinta ali bem recebido, mesmo quando de relatar o horror se trata. Para isso, Bolaño convoca espaços espalhados pelo globo — Alemanha, França, Inglaterra, Itália, México, Chile, EUA, etc. — que vão servindo na ampliação do cenário da viagem, enredando-nos, como se fosse abrindo sempre novas avenidas para dar a ver e sentir, mas que alimenta de histórias, múltiplas, umas dentro da outras, labirínticas no espaço e no tempo.
Contudo, nem sempre acompanhei o autor. Existem múltiplas secções, e em 1000 páginas não é difícil, em que sentimos Bolaño a dar pura rédea solta a criatividade, deixando a imaginação divagar sobre um qualquer caminho narrativo, totalmente irrelevante, alimentando-o de descrição, apenas porque sim, ou apenas para poder preencher mais algumas páginas do seu enorme tomo. Para atenuar estes momentos, menos engajantes, Bolaño usa a sátira, um elemento particular deste tipo de pós-modernismo, a fazer lembrar David Foster Wallace, ainda que bastante mais acessível, desde logo porque muito menos fragmentário. E ainda, na senda de DFW, usa a meta-narração, com o narrador a intrometer-se, sub-repticiamente, aqui e ali, para nos dar conta do que estamos a ler, porque estamos a ler, com comentários sobre a diferença entre o que estamos a ler e poderíamos ler noutro qualquer lugar, aprofundando assim o tom satírico pela autocrítica.
Finalmente, sobre o que diz, ou teria para dizer, com uma obra tão grande e dotada de momentos tão intensos. Confesso sentir algum vazio. A obra preencheu-me totalmente no processo de leitura, questionou-me e confrontei-a, mas terminada, fechou-se. Nem as pontas abertas me deixaram com vontade de procurar compreender porquê assim e não de outra forma. Existem múltiplas ideias, mensagens e conceitos espalhados pelas páginas, mas formam mais um conjunto de idiossincrasias do autor, da sua forma de estar no mundo, como olhava para a realidade, considerava o outro, a arte e a vida do que propriamente uma ideia ou visão que nos quisesse passar com esta obra em particular. Posso dizer que sempre tive a inclinação para ver no 2666, o ano do diabo, e que para esse convergiria todo o mal à face do planeta, podendo Juárez servir de epicentro. Mas tudo isso cai um pouco por Terra com o tratamento dado aos dados do que realmente aconteceu naquela cidade.
[1] Molly Molloy. (2014). “The femicide fallacy: tyranny of the ten percent”
[2] Steven S. Volk. (2015). The Historiography of Feminicide in Ciudad Juárez: Critical and Revisionist Approaches
Publicado no blog VI - https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/07/2666-uma-longa-viagem.html
raindye's review against another edition
2.0
If you find yourself struggling through this because of sunk cost fallacy and glowing reviews, just trust your gut and stop. There’s no closure. There’s no joy. I can’t believe I finished this.
caw_caw_caw's review against another edition
3.0
This book had moments of brilliant writing. I felt like the authors original intention of having these five different episodes separated was better than putting them all together in one book.
I loved the part where the guy talks about the geometry textbook on the clothesline. I also love the fifth part of the book about archimboldi.
I loved the part where the guy talks about the geometry textbook on the clothesline. I also love the fifth part of the book about archimboldi.
benny_profane's review against another edition
adventurous
challenging
dark
emotional
informative
mysterious
reflective
sad
slow-paced
- Plot- or character-driven? A mix
- Strong character development? It's complicated
- Loveable characters? It's complicated
- Diverse cast of characters? Yes
- Flaws of characters a main focus? Yes
5.0
luxbangs's review against another edition
5.0
“La lectura es placer y alegría de estar vivo o tristeza de estar vivo y sobre todo es conocimiento y preguntas. La escritura, en cambio, suele ser vacío.”
2666 es sin duda una novela que no es fácil de leer. No solamente por su extensión, sino porque con el pasar de los capítulos surgen muchas preguntas que no tienen respuestas. Es casi hasta las últimas 50 páginas que podría plantearse una secuencia de sucesos y de relacionar todos los 5 capítulos de la novela.
La búsqueda de Archimboldi que se presenta en el primer capítulo y rinde sus frutos cuando leemos su historia (La parte de Archimboldi) y de qué manera todo está conectado. A pesas de que no sepamos cómo llega a México y si alguna vez los cuatro escritores pueden entrar en contacto, o a pesar de que nunca sepamos si Haas/Klaus es realmente el asesino de Sonora, vale la pena cada minuto sumergidos en la lectura. Porque así no respondan todas nuestras preguntas, nos responden aquello que nunca nos habíamos preguntado, y en eso radica la excepcionalidad de este texto.
La parte de los asesinatos, es sin lugar a dudas, un capítulo difícil de digerir. Muertas desde 1993 hasta 1997, todas las muertes presentan la identidad de la muerta (si se tiene), la fecha en la que encontraron el cuerpo, la ropa que tenía y de qué había muerto. El 99% de los casos no tienen un culpable porque poco le importa a la polícia esclarecer los crímenes. Lastimosamente, lo que muestra este capítulo es lo que sigue sucediendo en Latinoamérica. ¿Por qué un capítulo tan largo sobre las muertes?.
Finalmente, el capítulo de Archimboldi, es un exquisito de narración enmarcada. Bolaño nos lleva de la mano por la vida de Hans Reiter, pero en ese camino es capaz de contarnos la historia de otras personas sin perdernos de nuestro rumbo original. Es tal vez el elemento narrativo al que más atención hay que prestarle en este capítulo. Si bien no hay opinión definitiva al respecto, si tuviéramos que ordenar los sucesos, podría decirse que 2666 es un texto in extrema res, creando así un ciclo de sucesos que sólo se encuentran y completan en las últimas 5 páginas.
2666 es sin duda una novela que no es fácil de leer. No solamente por su extensión, sino porque con el pasar de los capítulos surgen muchas preguntas que no tienen respuestas. Es casi hasta las últimas 50 páginas que podría plantearse una secuencia de sucesos y de relacionar todos los 5 capítulos de la novela.
La búsqueda de Archimboldi que se presenta en el primer capítulo y rinde sus frutos cuando leemos su historia (La parte de Archimboldi) y de qué manera todo está conectado. A pesas de que no sepamos cómo llega a México y si alguna vez los cuatro escritores pueden entrar en contacto, o a pesar de que nunca sepamos si Haas/Klaus es realmente el asesino de Sonora, vale la pena cada minuto sumergidos en la lectura. Porque así no respondan todas nuestras preguntas, nos responden aquello que nunca nos habíamos preguntado, y en eso radica la excepcionalidad de este texto.
La parte de los asesinatos, es sin lugar a dudas, un capítulo difícil de digerir. Muertas desde 1993 hasta 1997, todas las muertes presentan la identidad de la muerta (si se tiene), la fecha en la que encontraron el cuerpo, la ropa que tenía y de qué había muerto. El 99% de los casos no tienen un culpable porque poco le importa a la polícia esclarecer los crímenes. Lastimosamente, lo que muestra este capítulo es lo que sigue sucediendo en Latinoamérica. ¿Por qué un capítulo tan largo sobre las muertes?.
Finalmente, el capítulo de Archimboldi, es un exquisito de narración enmarcada. Bolaño nos lleva de la mano por la vida de Hans Reiter, pero en ese camino es capaz de contarnos la historia de otras personas sin perdernos de nuestro rumbo original. Es tal vez el elemento narrativo al que más atención hay que prestarle en este capítulo. Si bien no hay opinión definitiva al respecto, si tuviéramos que ordenar los sucesos, podría decirse que 2666 es un texto in extrema res, creando así un ciclo de sucesos que sólo se encuentran y completan en las últimas 5 páginas.
anniebaba's review against another edition
Should have taken advice from here, like nothing happened and it took forever to happen sth. Kind of not my style of reading.
colinthebug's review against another edition
5.0
Bolaño murió antes de terminar 2666.
Yo vivo para sufrir el luto de su pérdida:
gracias, vuelva pronto.
Yo vivo para sufrir el luto de su pérdida:
gracias, vuelva pronto.
tomasfish3's review against another edition
4.0
Like The Savage Detectives, this wavered between 4 and 5 stars for me.
I loved the first three sections, the fourth felt disjointed and could have been smaller and more effective, the last felt like a tangent that never ended and only briefly ended in Santa Teresa.
The parts in Santa Teresa are beautiful and I wished they were more of the book. Also those looking for a nice resolution to the killings will be disappointed!
I loved the first three sections, the fourth felt disjointed and could have been smaller and more effective, the last felt like a tangent that never ended and only briefly ended in Santa Teresa.
The parts in Santa Teresa are beautiful and I wished they were more of the book. Also those looking for a nice resolution to the killings will be disappointed!
tmackell's review against another edition
5.0
I'm staggered..... this book is just so many things at once..... as absurd, fucked up, and complicated as the world we live in, with just as few clear answers. Although many connections and parallels to draw...... allusions to real life people and events, lots of wikipedia holes to fall down from reading this.... if you take real life and alter it slightly, add some fictional elements, a biography of an invented Nazi general, a fictional town in Mexico modeled after Ciudad Juarez, you can see how insane real life really is.... "An oasis of horror in a desert of boredom." as Bolano said about this Baudelaire quote that serves as the epigraph: "There is no diagnosis more lucid that expresses the sickness of modern man. In order to get free from boredom, to escape the dead zone, all we have at hand….. is horror, that’s to say evil." Horror. Fear of women. Fear of the Sacred. This could apply to our absent-minded scrolling through social media feeds filled with footage of atrocities and banality alike just as much as it could apply to the critics violent lashing out on the immigrant taxi driver in Part 1, a moment in the book in which it really shifts into another gear, or at least it did for me. This book itself could just as easily be called an oasis of horror or a desert of boredom, but I wouldn't call it boring at all, I burned through it in a month because I could hardly put it down, but for however propulsive and gripping it is, it doesn't lay out a clearly linear plot, something which I would consider a strength given the subject matter. The fragmentary and disjointed nature of it only serves to better reflect the world we live in.... The absurdity of seeking out a lone serial killer for so many hundreds of murders, the temptation to pin Archimboldi as that killer but the impossibility of doing so and futility of even trying.... just as ridiculous and insular as the critics'/professors' world of specialization in a certain literary field.... just like the Polish clerk left to dispose of hundreds of Jews in part 5, we are simultaneously all guilty and all absolved, distanced from and a part of the oasis of horror in the desert of boredom that is the world as we know it....
catedge's review against another edition
5.0
oh my good god this book is incredible. best novel I have ever read, no competition.